CULTIVAR 26 - Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável

28 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 26 SETEMBRO 2022 – Agricultura biológica e outros modos de produção sustentável exploração de 10 ha de uva de mesa e de uma horta de produção de frutos, com cerca de 3 ha. A apicul- tura era também relevante na economia da exploração. Este perfil de atividades basea- va-se no aproveitamento de pastagens, que constituíam a principal ocupação cultural da exploração. O segundo surto de peste suína africana levou ao abandono da suinicultura, passando a atividade pecuária a assentar exclusivamente na exploração de pequenos ruminantes, modelo que perdurou até 1975, altura em que a exploração foi ocupada e integrada numa Unidade Colectiva de Produção (UCP), no âmbito da Reforma Agrária, originando um período de instabilidade financeira que se estendeu até à adesão de Portugal à então Comunidade Eco- nómica Europeia (CEE). Após a adesão, na vigência do PEDAP 1 , foi operacio- nalizado o Programa de Desenvolvimento Agro-Pe- cuário para a Área do Concelho de Mértola (PAPCAM), que tinha “por objectivo a elevação dos rendimentos dos agricultores, através da reconversão cultural da cerealicultura para os prados de sequeiro e o fomento da ovinicultura de carne/leite” 2 e lançou as bases do atual modelo estrutural da exploração. Uma das ações – talvez a mais emblemática – do PAPCAM foi a “implantação de prados temporários de sequeiro e de superfícies forrageiras”, prados esses que, apesar do nome, coincidiam com o atual conceito de “pastagens permanentes”, e consistia na sementeira de uma mistura de cinco variedades de trevo subterrâneo 3 , acompanhada da aplicação de um corretivo alcalinizante e de adubo fosfatado. Estávamos então em 1988, ainda longe dos – essen- cialmente propagandísticos – conceitos em torno das “pastagens permanentes biodiversas”. 1 Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa (Decreto-lei n.º 96/87; DR I.ª Série n.º 52, de 04/03/1987) 2 Portaria n.º 194/88, de 25 de Março (DR I.ª Série n.º 71, de 25/03/1998) 3 Nungarin (S), Seaton Park (S), Geraldton (S), Clare (B), Trikkala (Y) 4 Programa de Calagem, Fertilização e Forragens Apesar de ter sido palco de ações relacionadas com estas culturas, no âmbito de um programa prévio (PROCALFER 4 ), foi com esta ação do PAPCAM que a explo- ração deu início à instalação de grande parte da sua atual área de prados permanentes, seguindo o protocolo preco- nizado pela estrutura técnica de acompanhamento do pro- grama, que, com alguns ajustamentos, manteve até 2017, já com uma área de prados significativamente superior. O maneio do pastoreio e as suas evoluções Situação de partida Como práticas de gestão, ao longo deste percurso de instalação de prados permanentes, foram efetuadas fertilizações fosfatadas anuais, e observada a orien- tação genérica de evitar encabeçamentos elevados, sendo a dimensão típica dos grupos de animais em pastoreio entre 400 e 450 animais, em parques com áreas entre os 25 e os 30 ha. Os animais permaneciam períodos longos nos par- ques ( ca . 30 dias), sendo estes períodos abreviados durante as fases da floração e frutificação dos trevos, como forma de maximizar a produção de sementes e, desta forma, criar condições para melhorar a per- sistência das variedades mais interessantes. Neste modelo de gestão, a erva seca era totalmente con- sumida, o mais tardar, até ao princípio do outono, o que conferia um carácter obrigatório à suplementa- ção dos animais, até que a disponibilidade de erva a permitisse dispensar. Não obstante a adoção destas práticas, que podere- mos considerar, grossomodo , como constituindo um corpo de boas práticas genericamente aceite como .. em 1988, ... a exploração deu início à instalação de grande parte da sua atual área de prados permanentes, ... que, com alguns ajustamentos, manteve até 2017, já com uma área de prados significativamente superior."

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