Table of Contents Table of Contents
Previous Page  12 / 112 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 12 / 112 Next Page
Page Background

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR

N.º 9

SETEMBRO 2017

10

Vitor Barros, do INIAV, elabora um enquadramento

e um ponto de situação sobre a Dieta Mediterrâ-

nica e o acompanhamento que a sua divulgação

tem tido em Portugal. É apontada a preocupação

com o desvio que o padrão de consumo nacional

tem tido do padrão desta dieta, embora seja tam-

bém reportado algum otimismo com o aumento

da consciencialização dos seus benefícios. Para tal

terá contribuído um conjunto alargado de iniciati-

vas internacionais e nacionais, desde instituições

como a UNESCO e FAO, ao envolvimento da uni-

versidade, dos serviços dos ministérios da saúde e

agricultura e ainda das autarquias.

Através de uma colaboração entre o GPP e a

DGADR, apresenta-se ainda um documento sobre

as relações entre regimes de qualidade, gastrono-

mia e desenvolvimento do território, com os núme-

ros mais recentes relativos a estes regimes.

Na secção III, assume destaque uma recensão do

livro “O Terceiro Prato” de Dan Barber que, de certa

forma, sintetiza os conceitos e análises que foram

sendo desenvolvidos ao longo desta edição da Cul-

tivar. Este livro de um conhecido

chef

americano

permite de uma forma abrangente e integrada com-

preender que todas as gastronomias importantes

e interessantes foram construídas em torno do

seguinte princípio: retirar a maior nutrição possível

e o melhor sabor possível de recursos limitados,

através de uma micronegociação entre os agricul-

tores e a paisagem, entre o que a terra pode forne-

cer e aquilo que é possível fazer para apoiar essa

oferta. Ou seja, as grandes gastronomias estão em

sintonia com um sistema alimentar que celebra

uma ecologia ou um lugar. As fronteiras entre cozi-

nheiro, agricultor e consumidor vão-se esbatendo

à medida que se difunde a ideia de que aquilo que

comemos começa muito antes de chegar à cozinha.

O papel dos

chefs

e dos consumidores será o de

incentivar os produtores e os cientistas a produzi-

rem comida saudável, “verdadeiramente deliciosa”

(uma expressão que Barber utiliza com frequência)

e nutritiva. A tarefa de otimizar o sabor, promover o

ambiente e desenvolver a economia é uma respon-

sabilidade de todos.

Apresentamos de seguida o

Manifesto da Cozinha

Portuguesa

, defendido publicamente por um con-

junto significativo de

chefs

em maio de 2017, cor-

respondendo a uma “

vontade, tantas vezes expressa

(……), de mais partilha, união e trabalho conjunto nas

cozinhas, nas regiões, no país

”, e que nos parece cor-

responder a um momento particular vivido pela

gastronomia portuguesa que está em linha com

este número.

Finalmente, um resumo do Relatório que o Parla-

mento Europeu aprovou em 2014 sobre o patrimó-

nio gastronómico europeu e os seus aspetos cul-

turais e educativos, e ainda uma breve explicação

sobre em que consiste o MedFest, um projeto muito

interessante de turismo gastronómico sustentável.